segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fenomenologia de Husserl

Desde sempre a filosofia guia os passos dos pensadores, apoiando-os na construção de um conhecimento de rigor, ou seja, aquele que se propuser, ou sentir a necessidade estruturar um saber a cerca de determinado assunto, deve manter sempre uma postura filosófica. Dessa forma passamos a compreender que o ato de filosofar, por sua vez, é composto de passos conscientes e críticos na análise do conhecimento, exercitando o talento da razão, investigando seus princípios em tentativas de conhecer já existentes.
De acordo com o próprio rigor da atitude filosófica, portanto, de acordo com a interrogação sistemática que analisa as condições, os limites e as possibilidades de um conhecimento das coisas, trazemos presente o Filósofo Edmundo Husserl que assumindo uma postura gnosiológica apresenta uma ideia chamada fenomenologia, referindo-se mais estritamente a ideia de mundo vivido, ou seja, o eu que vive. Essa fenomenologia traz em seu bojo métodos que auxiliam no percurso da filosofia em busca do conhecimento seguro.
Husserl critica o psicologismo e o empirismo. Critica o psicologismo porque trabalha com estimulo-resposta, e assim o individuo da uma resposta idêntica àquilo que capta, para ele, além disso, o indivíduo precisa ter uma interpretação que não seja somente física. Critica o empirismo porque ele enxerga só o que esta aí, ou seja, o que sai do material não existe, então o empirismo tem só um conhecimento superficial.
Contudo apoiando-se nas meditações de Descartes, onde estrutura um modo de pensar, despindo-se de todo e qualquer pressuposto efetivado em torno de algum conhecimento, para então traçar um fundamento radical para uma ciência absoluta. Dessa forma ele faz uma reflexão das coisas que estão aí, para buscar um sentido novo, ou seja, é viver na sociedade e buscar compreender seu significado. Assim Husserl busca uma base científica rigorosa para fazer interpretações do que é exposto para nós na sociedade, ou seja, a fenomenologia visa mostrar e descrever com rigor o que esta aí.
É nesse sentido que Husserl estruturou o método fenomenológico enquanto caminho para a construção da ciência filosófica absoluta em si. Para a concepção clássica da filosofia racionalista, a exemplo de Spinoza ou Descartes, o dado era reconstruído a partir de uma dedução sistemática de alguns princípios básicos, que funcionavam como normas. A fenomenologia irá se colocar em outra perspectiva. Ela terá a preocupação em mostrar, e não demonstrar, em explicitar as estruturas em que a experiência se verifica, em deixar transparecer na descrição da experiência as suas estruturas universais.
O projeto de Husserl não consiste em erguer uma ciência exata da fenomenologia, pois as ciências exatas têm o seu exemplo na matemática que é uma ciência eidética dedutiva. A fenomenologia será uma ciência rigorosa, mas não exata, uma ciência eidética que procede por descrição e não por dedução. Ela se ocupa de fenômenos, mas como uma atitude diferente das ciências exatas e empíricas. Os seus fenômenos são os vividos da consciência, os atos e os correlatos dessa consciência.
A consciência quer buscar a verdade, por isso o critério de juízo é a evidência, esta que só se dá através da imanência e transcendência que vão permitir transcender o concreto e ficar com o significado último das coisas, ou seja, o juízo como evidência permite um contato direto com a coisa. Jaime lembra que Husserl aponta a evidência como perfeita no sentido de adequação plena entre intenção significativas e intuições correspondentes, contudo estabelece no seu trajeto de busca de conhecimento a evidência apodídica, esta que revela à reflexão fenomenológica uma maior dignidade no papel de fundamentação rigorosa, pois ela garante não só a presença direta das coisas na consciência, mas também, a existência do ser das coisas ou objetos fornecidos pela pela intuição.
Ao deter-se na análise da consciência, Husserl propõe um método radical para vasculhar o fenômeno, o que ele chama de a redução fenomenológica ou a epoché. Tomando emprestado da filosofia antiga o termo grego epoché, que os antigos céticos traduziam por “suspensão” do juízo a respeito das coisas, Husserl o adota sob outra perspectiva. A epoché husserliana consiste em pôr entre parênteses o mundo quando da apreensão do fenômeno. 
Podemos entender que a epoché consiste numa suspensão momentânea da atitude natural com a qual nós nos relacionamos com as coisas do mundo. Isso consiste em deixar provisoriamente de lado todos os preconceitos, teorias e definições, que nós utilizamos para conferir sentido às coisas. Tal suspensão da nossa atitude natural diante do mundo tem como função apreender na consciência as coisas no sentido de captá-las como elas são em si mesmas. A fenomenologia de Husserl parece ser uma tentativa de perscrutar o fenômeno em sua pureza, isto é, em sua originalidade. A proposta husserliana de se evitar a atitude natural na apreensão e análise do fenômeno denota no filósofo alemão sua insistente busca pelo rigor metodológico.
 Assim a fenomenologia como ciência primeira, pretende fundamentar o conhecimento verdadeiro, válido de uma vez por todas.


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