segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fenomenologia de Husserl

Desde sempre a filosofia guia os passos dos pensadores, apoiando-os na construção de um conhecimento de rigor, ou seja, aquele que se propuser, ou sentir a necessidade estruturar um saber a cerca de determinado assunto, deve manter sempre uma postura filosófica. Dessa forma passamos a compreender que o ato de filosofar, por sua vez, é composto de passos conscientes e críticos na análise do conhecimento, exercitando o talento da razão, investigando seus princípios em tentativas de conhecer já existentes.
De acordo com o próprio rigor da atitude filosófica, portanto, de acordo com a interrogação sistemática que analisa as condições, os limites e as possibilidades de um conhecimento das coisas, trazemos presente o Filósofo Edmundo Husserl que assumindo uma postura gnosiológica apresenta uma ideia chamada fenomenologia, referindo-se mais estritamente a ideia de mundo vivido, ou seja, o eu que vive. Essa fenomenologia traz em seu bojo métodos que auxiliam no percurso da filosofia em busca do conhecimento seguro.
Husserl critica o psicologismo e o empirismo. Critica o psicologismo porque trabalha com estimulo-resposta, e assim o individuo da uma resposta idêntica àquilo que capta, para ele, além disso, o indivíduo precisa ter uma interpretação que não seja somente física. Critica o empirismo porque ele enxerga só o que esta aí, ou seja, o que sai do material não existe, então o empirismo tem só um conhecimento superficial.
Contudo apoiando-se nas meditações de Descartes, onde estrutura um modo de pensar, despindo-se de todo e qualquer pressuposto efetivado em torno de algum conhecimento, para então traçar um fundamento radical para uma ciência absoluta. Dessa forma ele faz uma reflexão das coisas que estão aí, para buscar um sentido novo, ou seja, é viver na sociedade e buscar compreender seu significado. Assim Husserl busca uma base científica rigorosa para fazer interpretações do que é exposto para nós na sociedade, ou seja, a fenomenologia visa mostrar e descrever com rigor o que esta aí.
É nesse sentido que Husserl estruturou o método fenomenológico enquanto caminho para a construção da ciência filosófica absoluta em si. Para a concepção clássica da filosofia racionalista, a exemplo de Spinoza ou Descartes, o dado era reconstruído a partir de uma dedução sistemática de alguns princípios básicos, que funcionavam como normas. A fenomenologia irá se colocar em outra perspectiva. Ela terá a preocupação em mostrar, e não demonstrar, em explicitar as estruturas em que a experiência se verifica, em deixar transparecer na descrição da experiência as suas estruturas universais.
O projeto de Husserl não consiste em erguer uma ciência exata da fenomenologia, pois as ciências exatas têm o seu exemplo na matemática que é uma ciência eidética dedutiva. A fenomenologia será uma ciência rigorosa, mas não exata, uma ciência eidética que procede por descrição e não por dedução. Ela se ocupa de fenômenos, mas como uma atitude diferente das ciências exatas e empíricas. Os seus fenômenos são os vividos da consciência, os atos e os correlatos dessa consciência.
A consciência quer buscar a verdade, por isso o critério de juízo é a evidência, esta que só se dá através da imanência e transcendência que vão permitir transcender o concreto e ficar com o significado último das coisas, ou seja, o juízo como evidência permite um contato direto com a coisa. Jaime lembra que Husserl aponta a evidência como perfeita no sentido de adequação plena entre intenção significativas e intuições correspondentes, contudo estabelece no seu trajeto de busca de conhecimento a evidência apodídica, esta que revela à reflexão fenomenológica uma maior dignidade no papel de fundamentação rigorosa, pois ela garante não só a presença direta das coisas na consciência, mas também, a existência do ser das coisas ou objetos fornecidos pela pela intuição.
Ao deter-se na análise da consciência, Husserl propõe um método radical para vasculhar o fenômeno, o que ele chama de a redução fenomenológica ou a epoché. Tomando emprestado da filosofia antiga o termo grego epoché, que os antigos céticos traduziam por “suspensão” do juízo a respeito das coisas, Husserl o adota sob outra perspectiva. A epoché husserliana consiste em pôr entre parênteses o mundo quando da apreensão do fenômeno. 
Podemos entender que a epoché consiste numa suspensão momentânea da atitude natural com a qual nós nos relacionamos com as coisas do mundo. Isso consiste em deixar provisoriamente de lado todos os preconceitos, teorias e definições, que nós utilizamos para conferir sentido às coisas. Tal suspensão da nossa atitude natural diante do mundo tem como função apreender na consciência as coisas no sentido de captá-las como elas são em si mesmas. A fenomenologia de Husserl parece ser uma tentativa de perscrutar o fenômeno em sua pureza, isto é, em sua originalidade. A proposta husserliana de se evitar a atitude natural na apreensão e análise do fenômeno denota no filósofo alemão sua insistente busca pelo rigor metodológico.
 Assim a fenomenologia como ciência primeira, pretende fundamentar o conhecimento verdadeiro, válido de uma vez por todas.


terça-feira, 7 de junho de 2011

Igreja Católica e Idade Média

Na maioria das vezes quando falamos em Idade Média nos vem na cabeça a ideia de trevas, temos muitas vezes certa rejeição há esse tempo, que torna-se mau interpretado em vista de pré-conceitos já estabelecidos por uma tradição por vezes falha de alguns filósofos e pensadores, que desprezam a verdadeira história.
No intuito de esclarecer alguns aspectos a esse respeito recorremos às palavras do Professor Felipe Aquino-Doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e pelo ITA e mestre na mesma área pela UNIFEI. Que no seu livro “Uma História que não é contada” traz a tona varias contribuições que nos ajudam a entender melhor essa época.
De início relembramos que bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros, textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização.
Contudo um dos pontos mais importantes de atuação da Igreja na Idade média cristã, foi no campo da Ciência, como se tem relato das descobertas no campo da astronomia, das técnicas agrícolas e tantas outras coisas, como a invenção do óculos feita por um monge. No entanto não convém citá-las uma por uma. Também destacamos que sem a Igreja não haveria a beleza da arquitetura, da música, da arte sacra, das universidades, dos castelos, do direito, da economia, etc.
Toda essa história é possível notar através dos escritos, dos concílios e outros. No séc. VI São Cesário de Arles já expunha no Concílio de Vaison (529) a necessidade imperiosa de criar escolas no campo; e os bispos se dedicaram a isto. Da mesma forma foi a Igreja que montou para Carlos Magno (†814) a sua política escolar; e retomou a tarefa educadora no séc. X após o fim do seu Império. 
O III Concílio de Latrão (1179), em Roma, presidido pelo Papa Alexandre III (1159-1181), ordenou ao clero que abrisse escolas por toda a parte para as crianças, gratuitamente. Obrigou a todas as dioceses terem ao menos uma. Essas escolas foram as sementes das Universidades que logo surgiam: Sorbone (Paris), Bolonha (Itália), Canterbury (Inglaterra), Toledo e Salamanca (Espanha), Salerno, La Sapienza, Raviera na Itália; Coimbra em Portugal.

No séc. XII havia só na França 70 abadias com escolas. Todos os grandes bispos também quiseram ter escolas; na França, no séc. XII havia mais de 50 escolas episcopais. Dos sete aos vinte anos as crianças e os jovens eram recebidos nessas escolas sem distinção de classes. Havia escolas só para meninas e moças. As disciplinas dividiam-se em “trivium” (gramática, dialética e retórica) e “quadrivium” (artimética, geometria, astronomia e música). Mas um grande pedagogo da época Thierry de Chartres, mostrou que o “trivium e o quadrivium” eram apenas um meio e que o fim era “formar almas na verdade e na sabedoria”.
Em muitas escolas os alunos tinham ensino técnico de como trabalhar o ouro, prata e cobre. Aos poucos surgiam as especializações: Chartres (letras), Paris (teologia), Bolonha (direito), Salerno e Montpellier (medicina).
O Concilio geral de Latrão III, aprovou o seguinte cânon:“A Igreja de Deus, qual mãe piedosa, tem o dever de velar pelos pobres aos quais pela indigência dos pais faltam os meios suficientes para poderem facilmente estudar e progredir nas letras e nas ciências. Ordenamos, portanto, que em todas as igrejas catedrais se proveja um benefício (rendimento) conveniente a um mestre, encarregado de ensinar gratuitamente aos clérigos dessa igreja e a todos os alunos pobres” (can. 18, Mansi XXII 227s).
O IV Concílio ecumênico do Latrão (1215), renovou este decreto. Teodulfo, bispo de Orléans no séc. VIII, promulgou o seguinte decreto: “Os sacerdotes mantenham escolas nas aldeias, nos campos; se qualquer dos fiéis lhes quiser confiar os seus filhos para aprender as letras não os deixem de receber e instruir, mas ensinem-lhes com perfeita caridade. Nem por isto exijam salário ou recebam recompensa alguma a não ser por exceção, quando os pais voluntariamente a quiserem oferecer por afeto ou reconhecimento” (Sirmond, Concilia Galliae II 215).
Fica aí exposto o quanto a Igreja presava pelo ensino e ensino de qualidade. Porem outra coisa que gostaríamos de nos ater é sobre a chamada Inquisição. Esta que ao mesmo tempo que desperta curiosidade, desperta indignação e pavor daqueles que não conhecem de fato o que aconteceu.
Inquisição é fato acontecido e diante dos fatos as palavras se calam, ou seja, não se nega. No entanto é preciso entender o contexto da época em que isso aconteceu, e como aconteceu, para não se tirar conclusões errôneas. O que chama atenção é que no decorrer da Idade Média existiram muitos santos e santas, alguns elevados as honras dos altares e outro não, mas enfim, de todos esse santos não houve um se quer que tenha contestado a Inquisição. A pergunta crucial é PORQUÊ? Primeiramente porque na época a inquisição era algo que todo mundo achava necessário; segundo quem condenava não era a Igreja, tanto que quando alguém se declarava herege, quem o julgava era a lei civil, essa pessoa cometia um crime contra o Rei, era chamado crime de lesa majestade e consequentemente quando alguém cometia um crime contra o Rei era morto. Porém o que é importante entender é que crime de lesa majestade foi equiparado a heresia e então sim cabia a Igreja julgar.
Para entender essa trama é essencial mergulhar a fundo na história e entender que esse tempo foi um tempo em que Deus era o senhor da vida e do povo e que a ele era direcionado o labor e orações. Daí Santo Tomás de Aquino se embasou para questionar: “O que é pior? Aquele que falsifica a moeda e vai para a pena de morte, ou aquele que falsifica a fé e leva a pessoa para o inferno?” Era essa a mentalidade que se tinha na Idade Média, pois nesse período da história o que valia era a alma, ao contrário de hoje que o que vale mais é o corpo. Basta analisar se nesse tempo existia academia de ginástica, produtos de beleza ou cabeleireiros. Não existiam nada disso, por isso quem ferisse a alma estava também ferindo o corpo.
É óbvio que aos olhos modernos isso é inconcebível, e também é claro que esse episódio já mais se repetirá. Por isso nós expomos um pouco da história não pra justificar o que foi feito, mas para entender o contexto.
Enfim entendemos que muitas das interpretações feitas a respeito da Igreja são errôneas e mal formuladas no que diz respeito ao ensino e Inquisição na Idade Média tida vulgarmente como Idade das Trevas.





quinta-feira, 19 de maio de 2011


  UMA ÉTICA DA 

REVOLTA


José Geraldo Couto
FOLHA DE SÃO PAULO
13 de dezembro de 1998




Quando Albert Camus publicou "O Homem Revoltado", em 1951, Francis Jeanson e Jean Paul Sartre desancaram o livro e seu autor nas páginas da revista francesa "Temps Modernes".

Os supostos "defeitos" do texto camusiano apontados por Jeanson (subjetivismo, maleabilidade do pensamento) e Sartre (incompetência filosófica, erudição duvidosa) são justamente os pontos de que parte Manuel da Costa Pinto para mostrar a filiação dos escritos não-ficcionais de Camus à linhagem do ensaísmo francês, de raiz montaigniana.

Mais que isso: "Albert Camus - Um Elogio do Ensaio" mostra como a natureza lábil e movediça do ensaio adequa-se à perfeição à disposição intelectual e ética de Camus, para quem a condição trágica do homem provém, por um lado, da contradição entre seu desejo de clareza e a opacidade do mundo e, por outro, do conflito entre sua vontade de permanecer e a consciência de sua finitude.

"Só sei que nada sei" era, segundo dizem, o moto de Sócrates. Se fosse possível reduzir a uma frase o pensamento de Camus, talvez ela fosse: "Só sei que não é possível saber". Pascal, três séculos antes, teria dito mais ou menos a mesma coisa, mas acrescentando: "E por isso creio cegamente".

Já Camus, se fosse acrescentar algo, provavelmente diria: "É por isso me volto". Da gênese do sentimento do absurdo à configuração de uma ética da revolta, o pensamento de Camus, como nos mostra Costa Pinto, é de uma coerência ímpar, que se manifesta tanto em suas obras de ficção como nos ensaios "filosóficos" e nos textos de crítica literária. Vista em conjunto, a obra de Camus é um pensamento em contínua construção, em que ficção e ensaio dialogam e se iluminam reciprocamente.

Os próprios romances camusianos são qualificados por Costa Pinto de "ficção "moraliste'", pelo "controle do escritor sobre o sentido de suas representações", visando à expressão de uma "certa concepção do homem". Mas estamos colocando o carro na frente dos bois. Antes de debruçar-se sobre a obra de Camus, o livro de Manuel da Costa Pinto trata de desenhar a gênese e os traços definidores do ensaísmo francês, distinguindo-o, por exemplo, do "familiar essay" inglês e da "prosa doutrinal" portuguesa.

Analisando a literatura de autores como Montaigne, Pascal, La Rochefoucault e Chamfort, Costa Pinto busca a estratégia de enunciação que os aproxima, para além da diversidade dos temas e estilos. O que há em comum entre esses autores tão diversos é, primeiro, uma postura essencialmente antidogmática, um ceticismo diante da possibilidade de "penetrarmos a identidade das coisas", um afastamento dos grandes sistemas explicativos da natureza e da vida.

Mas há também uma proximidade quanto à forma literária, argutamente sintetizada por Manuel da Costa Pinto: "Subjetividade como horizonte de representação, pensamento por imagens e, como consequência, oscilação constante entre reflexão e escrita ficcional".

Abandonada a pretensão a uma ontologia, o ensaísmo limita-se a uma observação da experiência humana fortemente marcada pelo ponto de vista do observador. Recorrendo à narratividade e à construção de imagens, recusando os conceitos abstratos, o ensaio se configura como um gênero em que "a produção de sentido e de referentes é homóloga ao processo de criação literária".

Não por acaso, o ensaio clássico francês, que tem origem em Montaigne, surgiu no ocaso do Renascimento e floresceu no século 17, numa espécie de interregno entre o domínio da escolástica medieval e o império da razão iluminista. Em outras palavras: no hiato entre as certezas da fé e as certezas da ciência.

Em lugar dos sistemas fechados de explicação do mundo, o ensaísmo introduz o pensamento em movimento, e sua própria forma literária reflete essa percepção do fragmentário e do transitório. É por essa vereda que Camus se aventura, na contracorrente das filosofias totalizantes, antecipando a operação de desmonte dos grandes edifícios teóricos que caracterizaria a melhor produção intelectual da segunda metade do século.

Escrito com elegância, clareza e um mal escondido talento literário, "Albert Camus - Um Elogio do Ensaio", que surgiu da tese de mestrado em teoria literária de seu jovem autor, é um trabalho pleno de lucidez e paixão sobre uma das obras mais lúcidas e apaixonadas de nosso tempo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

FRIEDRICH NIETZSCHE
Uma Filosofia “a golpes de martelo”
Nietzsche (1844-1900) nasceu em Rocken, uma localidade da Alemanha atual. Filho de um culto pastor protestante possuía um gênio brilhante, tendo estudado grego, latim, teologia e filosofia. A partir da leitura de O mundo como verdade e representação, de Schopenhauer, sentiu-se profundamente atraído pelas reflexões filosóficas.
Realizou uma crítica radical e impiedosa à tradição filosófica e aos valores fundamentais da civilização ocidental, construindo um pensamento diferente e original, “a golpes de martelo”. Exerceu grande influência sobre os pensadores das filosofias da existência, sendo por isso, considerado às vezes um filósofo pré-existencialista.
·         Apolíneo e dionisíaco
Em sua obra, Nietzsche critica a tradição da filosofia ocidental a partir de Sócrates, a quem acusa de ter negado a intuição criadora da filosofia anterior, pré-socrática.
Nessa análise, o filosofo Alemão estabelece a distinção entre dois princípios: o Apolíneo e o Dionisíaco, a partir, respectivamente, dos deuses Gregos Apolo (deus da razão, da clareza e da ordem) e Dionísio (deus da aventura, da música, da fantasia e da desordem).
Para Nietzsche, esses dois princípios ou dimensões complementares da realidade foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo culto à razão, secou a seiva criadora da filosofia, contida na dimensão dionisíaca.
·        Genealogia da moral
Posteriormente, Nietzsche desenvolveu uma crítica intensa dos valores morais, propondo uma nova abordagem: a genealogia da moral, isto é, o estudo da formação histórica dos valores morais.
Sua conclusão foi de que não existem as noções absolutas de bem e de mal. Para ele, as concepções morais são elaboradas pelos homens, a partir dos interesses humanos. Ou seja, são produtos histórico-culturais. No entanto as religiões, como o judaísmo e o cristianismo, impõem esses valores humanos como se fossem produtos da vontade de Deus.
Para o filosofo, grande parte das pessoas acomodam-se a uma “moral de rebanho”, baseada na submissão irrefletida dos valores dominantes da civilização cristã e burguesa.
Assim, se compreendermos que os valores presentes em nossas vidas são construções humanas, se questionarmos o valor dos valores, estamos no dever de refletir sobre nossas concepções morais e enfrentar o desafio de viver por nossa própria conta e risco.
·         Niilismo
Segundo a análise de Nietzsche, no momento em que o cristianismo deixou de ser a “única verdade” para se tornar uma das interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental seus valores absolutos também foram postos em xeque. Nesse contexto, ocorre uma escalada do niilismo, que “deve ser entendido como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases agudas de ocaso de uma cultura. O niilismo seria a expressão afetiva e intelectual da decadência” (GIACOIA Jr, Nietzsche, p. 64-65).
O niilismo moderno apontado por Nietzsche assenta-se, em grande parte, na ideia da morte de Deus. Em sua obra Gaia Ciência, o filosofo decreta que “Deus está morto”, mas esclarece que quem o matou fomos nós mesmos, ou seja, trata-se de um acontecimento cultural. Desse modo, teríamos destruído os fundamentos transcendentais (assentados em Deus) dos valores mais caros de nossas vidas.
“Ouse conquistar a si mesmo” talvez seja a grande indicação nietzschiana àqueles que buscam viver a “liberdade da razão”, sem conformismo, resignação ou submissão.

Curiosidades
  • Nietzsche é o pensador mais citado durante os espirros.
  • Nietzsche é o filósofo com maior número de consoantes consecutivas no nome, desbancando pensadores russos, holandeses e até mesmo húngaros.
  • Nietzsche é o pensador que mais as pessoas erram o nome, desde Niti até Nite passando por Nitchê, que é a versão gauchesca do nome.
  • A investidura acadêmica de Nietzsche começou com uma brincadeira com Arthur Schopenhauer. Ambos disputavam quem conseguia ser mais louco e confundir a mente das pessoas. Schopenhauer deixou o cabelo wolverine e Nietzsche o bigode andorinha, Schopenhauer provou que o póstumo era ele.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Arthur Schopenhauer

Arthur Schopenhauer nasceu em Frankfurt na Alemanha a 22 e fevereiro de 1788. Seu pensamento é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época. Esse filosófo vê a existência humana como sofrimento, ou seja, viver é sofrer, uma vez que, estamos em constante porcesso de conhecimento que nos aproxima da lucidez. Contudo ao memso tempo nos aproxima do sofrimento, porque quanto mais se conhece mais, mais se tem consciência dessa condição humana de sofrimento.
Schopenhauer propõe um caminho para se libertar desse sofrimento que não se dá por meio da razão, mas por meio da negação da vontade, essa que pode ser nagada pela apreciação da arte, ou seja, da estética e da ética. Essa apreciação permite ao homem viver momentos livres da vontade que o prende. O sujeito é que conhece os fenômenos e a si externamente, porém ao contrário de Kant o homem pode conhecer a essência que para ele é a vontade; essa que é o princípio de tudo e consequentemente a origem dos males, egoísmo, conflito e outros, mas por outro lado é ao mesmo tempo esse desejo, essa vontade que é o impulso da vida, que a faz se conservar. Para Schopenhauer saciar essa vontade leva ao tédio.
Afirma ainda que o mundo só é conhecido em sua aparência, fenômeno; ele é representação da consciência, existe o mundo como ele é e como o conhecemos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Chega de educação progressista

Segue a reflexão do fillósofo e jornalista Eduardo Nunes, publicado no Jornal Zero Hora 03-04-2011.
Eduardo Nunes*
Fala-se e escreve-se, o tempo todo e em toda parte, que o Brasil está em vias de se tornar uma das potências dominantes do cenário global – mas tais previsões costumam vir acompanhadas de uma condicional: se quisermos chegar lá, teremos de investir em educação.

É aqui que o leitor se pergunta: mas já não estamos investindo em educação? Para onde vão os 25% do orçamento que todo gestor público tem a obrigação legal de destinar a essa área?

Depois de passar sete anos acompanhando, como professor, o cotidiano da escola pública, posso afirmar que o principal problema do nosso ensino não é falta de verbas, mas falta de rumo. E ouso levantar uma questão que tem sido pouco discutida: a educação brasileira só é tão ruim por ser “boa demais”, pelo menos no papel.

Se tomarmos os textos das leis que norteiam o ensino no país ou os regimentos das secretarias municipais e estaduais de Educação, se lermos as ementas das disciplinas dos cursos de Pedagogia ou se ouvirmos o que é debatido em seminários de educadores, choraremos de emoção e teremos a sensação de que nossas escolas são o melhor dos mundos.

Tais textos, geralmente redigidos em prosa poética, estão repletos de belas expressões como “inclusão”, “gestão democrática”, “construção do conhecimento”, “leitura da realidade”, “libertação dos oprimidos”, “formação do ser humano integral”. Os arautos da corrente que hoje domina a intelligentsia educacional brasileira, e que chamam a si mesmos de “progressistas”, defendem esses princípios com fervor quase religioso e travam uma luta de vida e morte contra o paradigma anterior, que rotulam como “educação tradicional”.

A educação tradicional, aquela em que a maioria dos brasileiros com mais de 25 anos foi alfabetizada, foi demonizada. “Tradicional” tornou-se um xingamento. Ao assumir o comando dos órgãos que cuidam da educação no país, lá pelo fim da década de 80, os novos timoneiros identificaram o paradigma então vigente com o autoritarismo da ditadura e trataram de exorcizar as escolas das práticas tidas como “tradicionais” e “autoritárias”: a transmissão de conhecimento de um professor que sabe para um aluno que não sabe, a reprovação dos alunos que não aprendem, a memorização pela repetição, o bê-á-bá, a exaltação dos que tiram boas notas.

Desde então, evita-se ao máximo reprovar, pois isso “traumatiza” o aluno. A repetição da tabuada e os ditados para fixar a grafia das palavras também são evitados, pois “deformam a consciência”. Os currículos escolares foram permeados de atividades lúdicas e recreativas, destinadas a estimular a aceitação e a “inclusão”.
O resultado, duas décadas depois, é que milhões de analfabetos funcionais saem das escolas públicas, todos os anos, com certificados de conclusão embaixo do braço. No seu afã de conscientizar e libertar os oprimidos, a educação progressista os condenou à escravidão da falta de qualificação. Vivendo num mundo de faz de conta onde a interação social é mais importante que o conteúdo, os “libertadores” não percebem que a verdadeira libertação é ter condições de ser selecionado para um bom emprego, de ser aprovado no vestibular, de passar em um concurso público, e isso é negado à maioria dos alunos das escolas públicas.

O avanço de que necessitamos para abraçar o nosso destino de potência global se assemelha mais, por paradoxal que seja, a um retrocesso, uma volta ao tempo em que o conhecimento era medido e aplicado, os professores eram respeitados e valorizados e os alunos só eram aprovados se aprendessem.
*Filósofo e jornalista

quinta-feira, 31 de março de 2011

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO

No último dia vinte e cinco de março de 2011 o Prof. MS. Max G. Haetinger realizou no salão de atos da URI Frederico Westphalen uma palestra, onde norteou alguns princípios para a nova escola.
 Logo de início ele nos arremete a uma famosa frase do filosofo Sêneca que diz assim: “Vento algum é favorável para quem não sabe aonde quer ir”.
Desta forma o prof. Max nos situa na história, de acordo com ele enquanto no século passado seria a informação a palavra chave. Devido ao escasso acesso a meios que permitissem que as pessoas estudassem, hoje vivemos uma inversão onde a informação se encontra em qualquer lugar. Temos um livre acesso, no principal meio que é a internet. Desta forma o que necessitamos hoje é de formação. O que nos permitiria trabalhar mais propriamente, o que nos capacitaria saber usar tudo isso que está a nossa volta para o crescimento e o desenvolvimento da pessoa humana.
Max acredita no olhar da curiosidade, este que está voltado para o futuro e para um mundo cada vez melhor. Uma que aprendemos por necessidade, sobrevivência ou por curiosidade, por isso que é natural do ser humano a curiosidade, desta forma estimá-lo é fundamental.
Descreve o professor como alguém que está disposto a dividir o conhecimento indiscriminadamente, alguém capaz de relacionar conhecimentos. Por que o professor não está em sala de aula para ser um juiz, mas para compartilhar. Assim cabe ao outro dizer se isso serve ou não para sua vida.  
Há vários desafios para o professor na atualidade e uma delas e saber trabalhar com as novas tecnologias, por que é a partir desta interatividade em sala de aula que o aluno vai se encontrar e sentir parte deste meio.
A interatividade é comunicação, com os inúmeros meio de comunicação ainda temos dificuldade de nos comunicarmos com nossos alunos, por que a comunicação é a matriz do ato de aprender. Segundo ele o presente deve ser porta para o passado e principalmente para o futuro.
Max enfatiza o pensar criativo que é à base da nova educação, através da vivencia e da ludicidade.
“É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o seu eu” Winnicott (1975).
Max descreve o educador como alguém que está comprometido com o outro, que se sente responsável pelo outro.
Desta forma Max descreve algumas qualidades do educador:
1-      Ouvir – relação de conhecimento.
2-      Observador – lê observa o cotidiano.
3-      Ousa inova – faz diferente o que sempre faz, busca coisas novas, atualiza-se, resignifica as coisas, como Piaget do erro ao acerto. 
Diante destes aspectos finaliza dizendo que o professor é alguém que planeja, prepara-se, estuda, dedica sua vida ao conhecimento, por que planejar é avaliar o que pode ser melhor.